A cultura pós-moderna representa o pólo «surperestrutural» de uma sociedade que sai de um tipo de organização uniforme, dirigista, e que, para fazê-lo, mistura os últimos valores modernos, reabilita o passado e a tradição, revaloriza o local e a vida simples dissolvem a preeminência da centralidade, dissemina os critérios da verdade e da arte, legitima a afirmação da identidade pessoal de acordo com os valores de uma sociedade personalizada onde o que importa é que o indivíduo seja ele próprio, e onde tudo e todos têm, portanto, direito de cidade e a serem socialmente reconhecidos, sendo que nada deve doravante impor-se imperativa e duradouramente, e todas as opções, todos os níveis, podem coabitar sem contração nem relegação. A cultura pós-moderna é descentrada e heteróclita, materialista e psi, pomo e discreta, inovadora e retro, consumista e ecologista, sofisticada e espontânea, espetacular e criativa; e o futuro não terá, sem dúvida, que decidir em favor de uma destas tendências, mas, pelo contrário, desenvolverá as lógicas duais, a co-presença flexível das antinomias. A função de uma explosão semelhante não é duvidosa: paralelamente aos outros dispositivos personalizados, a cultura pós-moderna é um vetor de alargamento do individualismo; diversificando as possibilidades de escolha, liquefazendo as marcas de referência, minando os sentidos únicos e os valores superiores da modernidade, modela uma cultura personalizada ou por medida, permitindo ao átomo social emancipar-se das balizas disciplinares revolucionários.
A Palavra Certa
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Entre os japoneses e chineses existe o costume de escrever orações em um
papel e usá-los como amuletos e talismãs, a isto se chama *ofuda*. Também
escrevi...
