segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Metapolítica

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Acerca da estratégia metapolítica explica Benjamin R. Teitelbaum e em seu livro Guerra pela eternidade: O retorno do tradicionalismo e a ascensão da direita populista (p.98-100):

O tipo de ativismo apoiado pela Cambridge Analytica era uma forma aprimorada e inovadora de algo conhecido nos círculos da extrema direita como metapolítica. A estratégia envolve fazer campanha não por meio da política, mas por meio da cultura – das artes, do entretenimento, do intelectualismo, da religião e da educação. É nessas esferas que os nossos valores são formados, não na cabine de votação. Quem conseguir alterar a cultura de uma sociedade terá criado uma oportunidade política para si mesmo. Se não conseguir, não terá chance.


A metapolítica exercia um apelo especial sobre os ativistas de extrema direita que lutavam pelo poder no Ocidente liberal pós-fascista depois da Segunda Guerra Mundial: aqueles que se viam lutando não contra um determinado partido político ou uma milícia, mas contra o consenso – de acordo com os Tradicionalistas, o sentimento característico da idade sombria em que estamos, ou seja, o entendimento sustentado pela maioria de que a política de extrema direita não deve nem mesmo ser considerada no debate público. Para lidarem com tal impasse, as campanhas metapolíticas em geral assumem uma destas duas formas: ativistas buscam injetar suas mensagens em canais culturais já existentes ou procuram criar canais alternativos próprios para competir com os da ideologia dominante. É a diferença entre editar artigos da Wikipédia e criar uma enciclopédia on-line alternativa; entre infiltrar-se em uma subcultura jovem e começar um novo movimento seu; entre alterar o currículo da educação pública e fundar uma escola privada totalmente dedicada à sua causa. A primeira abordagem tenta cultivar solidariedade política entre a população em geral, com ênfase no alcance da mensagem. A segunda propõe-se a formar uma sociedade paralela dentro de uma dada sociedade, grande e radical o suficiente para lutar pelo poder. E não era preciso ter lido obras de intelectuais de direita inspirados pelos Tradicionalistas para chegar a essa estratégia. Andrew Breitbart expôs a ideia com suas próprias palavras: "A política move-se com a cultura".


Bannon adotava ambas as formas de metapolítica. A Cambridge Analytica testava maneiras de se infiltrar nas esferas gerais da mídia (Facebook e Twitter, em vez de criar um portal alternativo), abarrotando a timeline dos usuários dessas redes sociais de massa com mensagens dissidentes. Ao mesmo tempo, o objetivo era tirar os indivíduos-alvo da corrente dominante (mainstream) e expô-los cada vez mais às mensagens feitas sob medida (como as da Breitbart) que deslegitimariam as fontes padrão de informação e radicalizariam o apoio a uma dada causa política.

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About Edmundo_Noir
Sommelier de anime, profeta do IApocalipse, missionário do chá e webteólogo. Pedalando entre ruínas.

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